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Povos indígenas da Bahia participam do Acampamento Terra Livre para reivindicar direitos

Comitiva baiana levou faixa com nomes de indígenas baianos assassinados nos últimos anos - Claudia Correia

A delegação indígena da Bahia chegou a Brasília em sete ônibus para participar da vigésima edição do Acampamento Terra Livre (ATL), que inicia nesta segunda-feira (22) e segue até o dia 26 de abril no Complexo Cultural da Funarte, em Brasília.

Com o tema “Nosso marco é ancestral. Sempre estivemos aqui”, o encontro reúne 7 mil indígenas de cerca de 180 povos de todas as regiões, que reivindicam a demarcação de territórios, homologação das terras demarcadas e proteção para as lideranças ameaçadas em conflitos fundiários.

O cacique Tony Kauyry, do povo Kariri Xocó, de Paulo Afonso (BA) destacou a importância da luta coletiva no ATL. “Hoje vamos ter uma reunião na Funai para encaminhar providências para a regularização de nossa terra que ocupamos há 9 anos com 40 famílias. Vamos junto com outros grupos do Nordeste que têm sofrido muito”, afirmou.

Há alguns anos, a comunidade teve suas plantações destruídas por grileiros. Há três anos, graças à atuação da Funai com o apoio do Ministério Público Federal (MPF) da Bahia, os invasores foram retirados do território e a comunidade aguarda a formalização da doação da área, de propriedade da União. Outras medidas para instalação de posto de saúde, escola e saneamento também estão sendo esperadas para estruturar o território.

Comitiva baiana chegou a Brasília em sete ônibus levando representantes de diversas etnias / Claudia Correia

Regularização

Os Pataxó de Barra Velha, em Porto Seguro, participaram da abertura das atividades do primeiro dia do ATL com cânticos e danças. A comunidade foi uma das duas contempladas com a homologação do seu território pelo presidente Lula no último dia 19, na passagem do Dia Nacional dos Povos Indígenas. Foi prestada uma homenagem à pajé Nega Pataxó, assassinada em Pau Brasil (BA) em janeiro deste ano. Para os organizadores do ATL, o atraso na demarcação territorial agrava a violência e expõe as comunidades ao risco de morte.

Os debates das rodas de conversa promovidas pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e outras cinco entidades indígenas, como a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), durante o primeiro dia de encontro criticaram a atuação da bancada ruralista no Congresso Nacional. Ano passado, graças à atuação da bancada, foi aprovada a lei 14.701/23 que instituiu o marco temporal para demarcação das terras indígenas, apesar de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter considerado a tese inconstitucional.

Indígenas presentes no ATL reivindicam maior celeridade na regularização de territórios e fim do marco temporal / Claudia Correia

Uma carta manifesto com 24 demandas por saúde, educação, terra e assistência técnica para a produção agrícola e pesca será entregue aos três Poderes durante a semana. Os organizadores esperam a confirmação de um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a com ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.

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