Este é o site eletrônico da Anaí – Associação Nacional de Ação Indigenista, organização não-governamental com sede em Salvador, Bahia, dedicada à defesa e à promoção dos direitos dos povos indígenas, de sua autodeterminação e dos seus valores culturais, e, de modo mais amplo, ao reconhecimento e ao respeito à sociodiversidade e à diversidade cultural do Brasil.
Com estes objetivos dispomos, neste site, informações sobre o trabalho desenvolvido pela instituição, sobre os povos indígenas com que trabalhamos na região Nordeste – Leste do país, e sobre a política indigenista no Brasil e no mundo.
Ao ser criada em 1979, a Anaí integrou um movimento da sociedade civil pela proposição de um novo indigenismo – ou seja, novas bases políticas de relacionamento entre a sociedade e o Estado brasileiros e os povos indígenas no país – capaz de superar os paradigmas da tutela estatal e, acima de tudo, da assimilação desses povos a contingentes etnicamente indiferenciados da sociedade brasileira.
Esse movimento integrava uma articulação política mais ampla em prol da redemocratização do país e, com ela, da afirmação dos valores do pluralismo e da diversidade culturais em contraposição à imposição dos valores de uma pretensa “unidade nacional” calcada na subjugação dos diferentes segmentos étnicos e culturais que compõem a sociedade brasileira, muito próprios de toda a sua formação colonial e autoritária, assim como do regime de exceção então no poder.
Com sede na Bahia e dedicada ao acompanhamento mais próximo das lutas dos povos indígenas em sua região, a Anaí logo se deu conta de que a experiência histórica desses povos é exemplar na afirmação daquela diversidade e da sua persistência.
Com efeito, o território dos dez estados no Nordeste – Leste do Brasil (do Piauí a Minas Gerais e Espírito Santo), foco do nosso interesse, corresponde à área de mais antiga colonização no Brasil (séculos XVI e XVII), sobre cujos povos indígenas mais pesadamente se abateram tanto o ímpeto genocida dos primórdios desse processo colonial quanto, ao longo dos séculos, as mais variadas formas de desautorização legal e política de suas identidades indígenas, por força das compulsões culturais e dos processos de “integração” forçada a que foram submetidos.
De fato, ao iniciarmos o nosso trabalho no final da década de 1970, havia em toda essa região 14 povos indígenas reconhecidos, com uma população de no máximo 15 mil indivíduos, que muitos especialistas criam em franco e inexorável declínio. Passadas mais de quatro décadas, há hoje, nos estados do Nordeste – Leste do Brasil, mais de 70 diferentes grupos étnicos indígenas, com uma população superior a 250 mil pessoas, resultado, nesse período, de vigorosos processos de afirmação étnica e, mais que isso, de intensas lutas pelo reconhecimento, defesa e garantia de seus direitos, em especial o direito à posse dos seus territórios tradicionais.
A Anaí entende que essas lutas fazem parte e são exemplo marcante das lutas de amplos segmentos da sociedade brasileira pela afirmação e defesa de sua diversidade sociocultural e dos direitos que lhes assistem de modos específicos.
É justamente o exemplo da experiência histórica singular dos povos indígenas do Nordeste – Leste do Brasil enquanto signo de afirmação radical da diversidade sociocultural brasileira e de sua persistência e renovação constantes que a Anaí busca testemunhar e divulgar com o seu trabalho.