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Indígenas ainda são marginalizados no debate sobre a crise climática

Neiriane Taerik, liderança indígena do Povo Rikbaktsa, presente no Mato Grosso - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Um relatório recém lançado pela ONU (Organização das Nações Unidas) aponta que as vozes e iniciativas de pessoas indígenas ainda são negligenciadas por agentes que atuam no enfrentamento à crise climática. “Embora representem apenas 6% da população global, os povos indígenas protegem 80% da biodiversidade remanescente do planeta. Ainda assim, eles recebem menos de 1% do financiamento internacional para o clima”, resume um comunicado da instituição a respeito do levantamento.

O tema ganhou destaque na 24ª sessão do Fórum Permanente da ONU sobre Questões Indígenas. Supervisionada pela ONU, o levantamento contou com a contribuições de líderes indígenas, pesquisadores e da OMS (Organização Mundial da Saúde), analisando as particularidades de sete regiões do globo.

“O relatório defende uma mudança radical na forma como o conhecimento desses povos é compreendido e respeitado, de modo que deixem de ser denominados como ‘tradicional’ ou folclórico e passem a ser encarados como científicos e técnicos”, frisa o comunicado. O relatório cita exemplos de técnicas eficientes, desenvolvidas por comunidades indígenas para o enfrentamento a adversidades climáticas em diferentes partes do mundo.

Além disso, a publicação chama a atenção para os danos colaterais da implementação de alguns métodos de energia renovável. “As chamadas soluções verdes frequentemente representam uma ameaça aos povos indígenas tão grande quanto a própria crise climática”, aponta Hindou Oumarou Ibrahim, presidente do Fórum Permanente da ONU sobre Questões Indígenas. Um dos problemas citados refere-se a programas de compensação de carbono implementados sem consulta, frequentemente em terras indígenas.

O relatório traz, ainda, dados a respeito de como as mudanças climáticas impactam a saúde da população indígena. Na Amazônia, por exemplo, a perda de biodiversidade dificulta o acesso a alimentos tradicionais e plantas medicinais.

“Apesar desses desafios, o relatório enfatiza a resiliência. As comunidades estão implementando estratégias de adaptação com raízes locais, frequentemente lideradas por mulheres e idosos. Essas estratégias incluem a restauração de dietas tradicionais, o fortalecimento do compartilhamento intergeracional de conhecimento e a adaptação dos calendários de colheita a novos ritmos ecológicos”, frisa o comunicado referente à pesquisa.

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