Invasores do território Yanomami, em Roraima, fizeram um vídeo durante um sobrevoo ilegal a uma região habitada por indígenas Moxihatëtëa, que são isolados.
A publicação no TikTok teve como título “índios canibais em Roraima”. O vídeo, publicado pela manhã, não estava mais no ar na noite desta segunda-feira.
Nas imagens, ao menos dois homens falam sobre os indígenas, que estariam lançando flechas contra a aeronave. Um deles diz: “bando de viado (…) olha lá os canibal [sic] para quem nunca viu”
A Urihi Associação Yanomami cobrou proteção ao povo em ofício enviado hoje à Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), aos ministérios dos Direitos Humanos e dos Povos Indígenas, à Polícia Federal, ao MPF (Ministério Público Federal) e ao Exército.
Segundo Junior Yanomami, presidente da Urihi, o povo Moxihatëtëa não mantém contato com não indígenas, nem sequer com outros indígenas yanomamis.
Um eventual contato deles com não indígenas poderia resultar em uma tragédia.
“O garimpo na Terra Yanomami ganha contornos ainda mais sensíveis, tendo em vista o risco de dizimação ou genocídio do grupo isolado, sendo imprescindível que as agências federais, conjuntamente com a atuação de coordenação, articulação e cooperação da União Federal, mobilize forças de comando e controle de diferentes ministérios para apoio ao exercício de poder de polícia ambiental e socioambiental requerido.”
— Trecho do ofício da Urihi
— Associação Yanomami
No documento, eles reconhecem que o governo Lula deu inicio à operação, mas cobram mais ações para retirada dos invasores da Terra Indígena (TI) Yanomami.
“Ocorre que, não obstante o êxito da operação em impedir a expansão das atividades de mineração, conforme demonstra a redução de alertas, a morosidade da expulsão de garimpeiros nas regiões mais isoladas do território tem sujeitado suas comunidades à violência de criminosos, inclusive, com indígenas isolados, como o grupo Moxihatëtëa.”
— Associação Yanomami
A lei brasileira protege de forma especial os indígenas que nunca tiveram contato ou recente contato com não indígenas. Segundo a Funai, existem ao menos 114 grupos isolados no Brasil, a grande maioria na Amazônia.