Diferente dos desafios enfrentados pelas profissionais da educação de BH e região metropolitana, a diretora Letícia Helena de Oliveira Ferreira sofre com a falta de materiais e formação adequada para os professores que lecionam para os alunos da Escola Estadual Indígena Kaxixó Taoca Sergia. Localizada na Aldeia Capão do Zezinho, na cidade de Martinho Campos, que fica há cerca de 200km da capital mineira, a escola oferece educação infantil e básica para 17 alunos.
Reconhecidos como povos indígenas em 2001, Letícia conta que a existência de uma escola dentro da aldeia Caxixó sempre foi uma luta da comunidade para que as crianças não precisassem sair para estudar em outro lugar. Os alunos da Escola Estadual Indígena Kaxixó Taoca Sergia têm uma matriz curricular diferenciada: além de seguirem a Base Nacional Comum Curricular do Estado de Minas Gerais, também estudam sobre a cultura indígena, como religiosidade e rituais, relações interculturais e o uso do território. Mas, a falta de uma formação adequada para os professores, que inclua as necessidades curriculares da aldeia, é um dos principais desafios a serem vencidos. “Preparar e atualizar os profissionais sem perder a cultura de cada povo é desafiador, além da falta de material pedagógico voltado para trabalhar a cultura indígena em sala”, explica Letícia.
Assim como muitos profissionais da área, mesmo diante das dificuldades, ver os alunos crescerem, se desenvolverem e depois voltarem esforços para a comunidade são motivo de orgulho para a diretora Letícia. “Um dos maiores prazeres que eu tenho é de principalmente dar oportunidade a nossas crianças, de mostrar para elas nossa cultura, de mostrar o mundo, de mostrar as coisas boas e ruins, mas ensinar como a gente venceu os desafios, a quem procurar e onde a gente pode encontrar os nossos direitos”, ressalta a professora.