A temperatura em Corumbá, que chegou a 35°C na 6ª feira (5/7), despencou cerca de 15 graus no fim de semana. O frio não veio acompanhado de chuvas, que poderiam amenizar os incêndios no Pantanal. Mas trouxe ventos de 30 km/h, dificultando o trabalho de combate ao fogo, destaca a Agência Brasil.
No momento, a área que mais preocupa é a Terra Indígena Kadiwéu, que tem 540 mil hectares e até então não tinha sido atingida pelos incêndios deste ano, informa o Jornal Nacional. Cerca de 1.700 indígenas de três etnias vivem na TI.
O IBAMA está reforçando a equipe no combate às chamas na região. Ao todo, 70 brigadistas trabalham para conter o avanço do fogo. Veículos especializados também foram enviados e o combate aéreo não está descartado.
Na região do Pantanal do Nabileque, próximo à BR-262, os bombeiros tentam impedir que as chamas cheguem ao Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro, que já queimou em anos anteriores. “É uma área de grande biodiversidade. A quantidade de matéria orgânica propensa a queimar é muito grande”, explicou Gabriel Ferreira Lopes, capitão do Corpo de Bombeiros do Mato Grosso do Sul.
De janeiro até 3 de julho, o Pantanal teve 730.525 hectares queimados, segundo o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA/UFRJ). A maioria dos incêndios começou em fazendas, mas um levantamento do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (CEMTEC) mostra que, de toda a área queimada, pouco mais de um quarto está em Áreas Protegidas, relata o Correio do Estado.
Segundo o CEMTEC, até 2 de julho, quando 715.775 hectares tinham sido queimados, 193.250 hectares (27%) estavam em áreas de preservação, como Unidades de Conservação, a Serra do Amolar e Terras Indígenas. É algo que preocupa, porque são reservatórios da natureza onde reside grande parte da fauna pantaneira e onde estão os maiores trechos de áreas nativas do bioma.
Com a forte estiagem e os níveis dos rios do Pantanal bem abaixo da média, Eletrobras, Operador Nacional do Sistema Elétrica (ONS), Agência Nacional de Águas (ANA) e Serviços Estadual do Meio Ambiente (Sema) do Mato Grosso negociaram o aumento da vazão de água da hidrelétrica de Manso, de 80 metros cúbicos por segundo (m3/s) para 170 m3/s, informa o Valor. O objetivo é aumentar a disponibilidade de água para combater os incêndios na região.
A usina, operada pela ex-estatal, foi instalada no rio Manso, no Mato Grosso, que é afluente do rio Cuiabá. Suas águas chegam ao rio Paraguai, o maior curso d’água a atravessar o bioma. O aumento de sua vazão ajuda no alargamento do leito dos rios, aproxima a água do foco do incêndio, facilita a captação da água pelos bombeiros e brigadistas e também favorece a dessedentação dos animais.
E a semana começa com alguma esperança de chuva no Pantanal. Segundo o MetSul, uma frente fria avança nesta 2ª feira (8/7) e leva precipitações a áreas do centro-sul do Mato Grosso do Sul. No dia seguinte, a previsão é a chuva se intensificar no oeste e no centro-sul do Mato Grosso do Sul, com a instabilidade prosseguindo na quarta em vários pontos do estado.
Em tempo: Os incêndios sem controle estão prejudicando o ecoturismo, uma das principais atividades econômicas do Pantanal, destaca o Jornal Nacional. Os poucos turistas que ainda passeiam pela região ficam impressionados com o cenário. “Conversando com alguns amigos, é triste eles falarem que já esteve muito mais bonito e as queimadas estão sendo frequentes. Como é a primeira vez, a gente não sabe, mas eu espero que chova”, comenta o empresário Adalberto Penaio Júnior.