Na penúltima segunda-feira de janeiro deste recente ano de 2024, quando se completa apenas um mês do assassinato do cacique Lucas Pataxó Hãhãhãi, cumprimos o doloroso dever de noticiar e escrever sobre mais uma liderança assassinada do povo Pataxó Hãhãhãi. Na tarde de ontem, 21/01/2024, foi alvejada e assassinada a liderança Maria de Fátima Muniz, carinhosamente conhecida por “Nega”.
Maria de Fátima era a sexta filha do casal Lucília Francisca Muniz e Manoel Pereira de Andrade e residia na região do Ourinho, parte dos 54000 hectares da Terra Indígena Caramuru Paraguaçu. Combativa e de grande atuação no território, Nega era menos conhecida que seus irmãos mais velhos, Maria (Mayá) Muniz e o cacique Nailton Muniz. Contudo, era a grande força no interior de uma família reconhecidamente guerreira, formada por pessoas de imensa coragem e capacidade de lutar.
Covardemente atingida em luta, ao lado do seu irmão Nailton, Nega tinha 56 anos, três filhos, cinco netos, um companheiro de décadas, toda uma trajetória de saber histórico, ritual, e uma humanidade que acolhia a todos, com grande generosidade. Talvez estejamos perdendo a capacidade de descrever e noticiar tanta tristeza e violência sobre os Pataxó Hãhãhãi. Por isso, gostaríamos de registrar nossa imensa admiração por Maria de Fátima Muniz e de afirmarmos à sua família e ao seu povo que compartilhamos a dor e a imensa falta que Nega fará a todos nós.
Que sua vida e sua morte não sejam esquecidas!
Anaí — Associação Nacional de Ação Indigenista
Mupoíba — Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia