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Estudantes indígenas buscam mais espaço e apoio nas universidades

Foto: Bruno Spada / Câmara dos Deputados

Cerca de mil estudantes de mais de 100 povos indígenas participaram, na última semana, do XI Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas (ENEI) em Brasília. O evento foi organizado pela Associação dos Acadêmicos Indígenas da Universidade de Brasília (AAIUnB) e incluiu reuniões com representantes dos Poderes Públicos.

Durante audiências no Senado, os estudantes discutiram temas como as cotas nas universidades e a criação de uma universidade voltada exclusivamente para os povos indígenas, que leve em consideração as especificidades culturais e educacionais dessas comunidades. Uma carta de reivindicações, elaborada por coletivos indígenas de 25 universidades, foi entregue aos parlamentares.

Na Câmara dos Deputados, os estudantes abordaram a presença indígena no ensino superior nas últimas duas décadas, destacando a ciência indígena como uma ferramenta importante. “Queremos trazer a ciência indígena para dentro da universidade, não somente ficar na grade ocidental, que as universidades oferecem, mas trazer também a nossa diversidade, a nossa identidade, o que inclui a ciência indígena”, disse Manuele Tuyuka, presidente da AAIUnB.

Alisson Cleomar, da etnia Pankararu e estudante de medicina na UnB, relatou dificuldades enfrentadas no ambiente acadêmico. Ele destacou que muitos estudantes indígenas ainda sofrem preconceito na universidade, o que afeta tanto o desempenho acadêmico quanto o psicológico. Alisson passou no vestibular com o apoio de outros estudantes indígenas e, atualmente, divide moradia com outros universitários da mesma origem.

A rede de apoio também foi importante para Thoyane Fulni-ô Kamayurá, estudante de engenharia florestal. Ela precisou interromper os estudos ao ficar grávida no início do curso. “Foi desafiador, mas, como a maioria dos indígenas, a gente aprende desde cedo a se virar sozinho. Pelo fato de viver nas aldeias, temos essa questão de trabalho coletivo, seja remunerado ou não”, afirmou.

O desafio de sair da aldeia é uma realidade para muitos universitários indígenas. Yonne Alfredo, da etnia Tikuna, do Amazonas, estuda biologia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e contou sobre a adaptação à nova rotina. “Foi doloroso deixar minha cidade, meus hábitos, meus costumes. Quando terminar os estudos, pretendo continuar morando na cidade por um tempo. Quero fazer pesquisas e entender as necessidades do povo antes de retornar à aldeia”, explicou Yonne.

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