Nos territórios indígenas o cuidado é coletivo, seja do corpo, do espírito ou da terra. Por isso, se uma pessoa está doente, toda a aldeia está doente. As práticas de cura envolvem rituais de banho, defumação até a produção de xaropes e garrafadas.
Esse conhecimento milenar tem sido repassado às novas gerações através da Articulação das Mulheres Indígenas do Maranhão (Anima), na Terra Indígena Arariboia, localizada na cidade de Amarante do Maranhão (MA). É o que explica a indígena Arariboia Cíntia Guajajara, antropóloga e uma das coordenadoras da organização.
“A gente vem acompanhando, observando os processos desse conhecimento, desde os banhos, a importância da prevenção e da cura através das plantas medicinais, como o cumaru, a copaíba, a andiroba, a mucuíba, as raízes, as folhas, as sementes, os óleos e os leites. Cada planta tem sua importância. Esse é um conhecimento milenar, um conhecimento ancestral que a gente não pode deixar perder, porque só vem a fortalecer a nossa saúde e a nossa medicina indígena”, conta a liderança.
Cíntia explica que as formas de repassar esse conhecimento acontecem naturalmente ao longo dos anos, por meio dos próprios rituais. “A gente vem repassando para a juventude na prática, através do cantos, dos nossos encontros e por prevenção mesmo. Quando a gente percebe os sintomas, a gente vem fazendo chás, xaropes, garrafadas, extraindo óleos da natureza.”
Mais do que uma prática, a medicina e rituais de cura estão ligadas a identidade das mulheres indígenas e preservação da natureza.
“A medicina indígena, a medicina tradicional é importante para o nosso povo, para a nossa existência, para a nossa saúde e traz uma qualidade de vida para nós. Isso é uma forma de cuidar que a gente vem passando para os nossos jovens, é uma forma de bem viver para o nosso povo”, afirma Cíntia.