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Aldeia M’Boiji, na Grande São Paulo, é oficialmente reconhecida pela Funai

Para, que é líder feminina da aldeia, celebra a chegada da Funai — Foto: Reprodução/TV Diário

Canto que é celebração, agradecimento e preservação da própria história. A música, a dança e o coro são parte da cultura e da rotina dos indígenas da aldeia M’Boiji. Eles ocupam um terreno na região da Porteira Preta, em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, há 20 anos. Mas foi há alguns dias que a convivência ganhou uma comemoração especial.

Os indígenas da aldeia M’Boiji dizem ter chegado em terras mogianas em 1611 e foi só agora, em 2024, que eles foram reconhecidos oficialmente pela Funai, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas. Um processo que foi acelerado pela pandemia.

“Com a pandemia, nós tivemos que nos apresentar para as autoridades da cidade de Mogi. Então, aí que começou a divulgar mais. Tivemos todo esse acolhimento da sociedade mogiana e muito apoio de toda sociedade. Então, hoje temos o reconhecimento da Funai e da Sesai, que cuida do saneamento básico e da saúde do originário”, diz Luís Wera Djekipé Lima, que é xarumai/cacique da M’Boiji.

Luis Wera Djekipé Lima, cacique da aldeia M’Boiji em Mogi das Cruzes — Foto: Yasmin Castro/g1

São dez famílias que dividem o terreno. O reconhecimento da aldeia dá ritmo a avanços sociais e traz a eles o direito de ter manifestações da cultura populares protegidas, além do respeito ao uso das línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. O cacique reforça a importância da mobilização.

“Agora fica tudo mais fácil para se resolver. Não fácil, mas viável. Então, muda muita coisa. Para honra dos nossos ancestrais, do povo mogiano e do Alto Tietê”, completa o cacique.

A Para é responsável pela liderança feminina da aldeia. Ela diz que a oficialização minimiza um medo antigo do povo.

“Antes a gente tinha medo, se o dono da terra iria aceitar que a gente morasse aqui ou se a gente iria ter que sair. Então, a gente tinha muito medo e preocupação. Agora não mais”, ressalta.

Outras mudanças incluem promessas de melhorias na educação e na saúde. O atendimento médico, por exemplo, deve ganhar agilidade e respeito à cultura ancestral.

“Muitos não estavam estudando o ensino fundamental e o médio, para não saírem, porque nós temos medo do que acontece lá fora e deles perderem a cultura. Então, a gente está lutando muito por isso. Já temos a escola municipal aqui na aldeia e agora a Funai veio e vai assumir a escola estadual”, explica Ara Rete, vice-cacique.

Pra quem repassa os conhecimentos da cultura originária dentro da própria aldeia, um incentivo a mais para que a história nunca deixe de ser contada.

Aldeia batalha para manter a cultura e as tradições — Foto: Reprodução/TV Diário

“Desde muitos anos atrás a gente sempre preservou a cultura, passar de geração em geração. Por isso que até hoje vamos buscando a melhor forma de adaptação no novo mundo. Nós estamos em uma ‘bolinha’ e queremos nos adaptar no mundo, mas sem deixar nossa cultura de lado, que é o mais importante”, afirma o professor William Tupã,

Mas para ainda além do passado, o incentivo é para que a história continue a ser escrita.

“Agora, a gente canta e dança de alegria. Agradecer a Deus, agradecer a Funai que vem aqui. A gente agradece muito e agora é só felicidade”, finaliza a líder Para.

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