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Territórios indígenas e quilombolas são predominantemente masculinos, aponta IBGE

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados do Censo Demográfico 2022 enfocando recortes de sexo e idade nas populações quilombolas e indígenas. Foto: Reprodução: agriculturasp/Wikimedia Commons

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira, 3, os dados do “Censo Demográfico 2022: Quilombolas e Indígenas, por sexo e idade, segundo recortes territoriais específicos: Resultados do universo”. Segundo o levantamento, os territórios indígenas e quilombolas apresentam uma predominância masculina.

De acordo com os dados divulgados, 315 territórios quilombolas (67,70%) têm mais homens do que mulheres, enquanto 150 territórios (32,26%) têm maioria feminina. Em cerca de 381 terras indígenas (71,48%) os homens estão mais presentes, enquanto em 152 terras (28,52%) as mulheres indígenas estão em maior número.

De acordo com a distribuição da população quilombola e indígena em seus respectivos territórios, até a faixa dos 60 a 74 anos, os homens são a maioria, sendo 7.454 dos homens e 6.944 mulheres quilombolas nessa faixa etária, e 13.048 homens indígenas e 11.988 mulheres.

Entretanto, esse cenário muda a partir dos 75 anos. Em ambos os casos, a presença das mulheres dessa faixa etária ultrapassa a de homens, sendo 2.904 mulheres e 2.592 homens em territórios quilombolas, e 6.257 mulheres e 5.384 homens em terras indígenas.

Em relação ao número total de pessoas quilombolas no Brasil, o número de mulheres se torna maior que o número de homens na faixa de 30 a 44 anos, sendo 147.823 mulheres e 143.767 homens dessa faixa etária. E, quando o assunto é o total de indígenas no país, as mulheres são o maior número também a partir da faixa de 30 a 44 anos, sendo 170.176 mulheres e 162.499 homens.

Territórios

Os dados ainda fazem uma relação entre o número de homens em relação a um grupo de 100 mulheres nas populações. Entre os quilombolas, dentro dos territórios oficialmente delimitados, são 105,89 homens para cada 100 mulheres e, fora desses territórios, 99,27 homens para cada 100 mulheres.

“Isso nos mostra que, além da gente não ter uma sobremortalidade masculina quando olhamos para dentro dos territórios, a gente pode ter também, por outro lado, uma migração feminina maior para fora dos territórios. Isso traz uma diferenciação do perfil de sexo dentro e fora”, afirmou Marta de Oliveira Antunes, coordenadora do Projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, em videoconferência.

Segundo ela, também existe a possibilidade de uma mortalidade materna maior entre as mulheres quilombolas que moram dentro dos territórios. “São várias hipóteses do ponto de vista demográfico, antropológico e geográfico”, explicou.

Em relação aos indígenas, dentro dos territórios, são 104,90 homens para cada 100 mulheres e, fora dessas terras, 92,79 homens para cada 100 mulheres, segundo o IBGE. Em 2010, dentro dos territórios, eram 106,81 homens para cada 100 mulheres e, fora, 95,06 homens para cada 100 mulheres.

“Em 2010, as pessoas indígenas tinham um perfil mais masculino e, então, vemos uma mudança entre 2010 e 2022”, disse Marta. Essa diminuição do perfil mais masculino dos indígenas pode ser, segundo ela, por causa da melhoria do instituto em captar informações sobre o número total de indígenas.

Municípios

Segundo o Censo Demográfico 2022 apresentado, cerca de 845 municípios (52%) com pessoas quilombolas, dentre os quais foi possível calcular a razão de sexo, apresentam uma quantidade maior de homens quilombolas do que mulheres, enquanto 780 municípios (48%) com quilombolas apontam uma maior prevalência de mulheres.

“Em grandes áreas de concentração da população quilombola têm, em geral, prevalência de homens. E as áreas em que tem uma menor concentração dessa população apresentam uma prevalência de mulheres”, explica Fernando Damasco, gerente de Territórios Tradicionais do IBGE.

No caso dos indígenas, 2.539 municípios (61,81%) com pessoas indígenas apresentam uma prevalência de mulheres, enquanto 1.569 deles (38,19%) indicam uma prevalência de homens indígenas.

“A população indígena tem uma diversidade muito grande em configurações, principalmente quando você avalia os contextos fora das terras. Isso denota uma certa complexidade espacial que pode estar associada a uma maior necessidade de dispersão dessa população”, destaca Fernando.

De acordo com ele, as mulheres tendem a migrar mais em busca de oportunidades. “Mas também por uma necessidade de conseguir trabalho em centros urbanos mais próximos às terras indígenas. Além disso, as mulheres migram muito por conta do acompanhamento dos filhos na etapa de escolarização”, contou.

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