Mais de 800 indígenas se reuniram na aldeia Piaraçu, nesta segunda-feira (24), atendendo ao chamado do Cacique Raoni Metuktire, em São José do Xingu, a 931 km de Cuiabá. O encontro reúne diferentes povos para discutir questões essenciais às comunidades tradicionais, como marco temporal e as mudanças climáticas. (Veja vídeo acima).
O evento segue com atividades culturais e encontros temáticos até sexta-feira (28).
Na abertura do encontro, o Cacique Raoni relembrou a luta pela demarcação da Terra Indígena Capoto Jarina, onde está localizada a aldeia Piaraçu no estado.
A lembrança da luta das lideranças também norteou a fala das demais lideranças que sentaram ao lado de Raoni para discursar no evento.
As lideranças Bemoro Metuktire, o cacique Puiu Txucarramãe, Yabuti, Bepdjai Metikure, Koti Metikure, também compartilharam o palanque.
Defesa da Terra
Atenderam ao chamado do cacique e devem participar da reunião o xamã Davi Kopenawa, liderança dos Yanomami, que vivem na fronteira entre Brasil e Venezuela; Francisco Piyãko, líder do povo Ashaninka, no Acre; Ailton Krenak, filósofo, professor, escritor, poeta, ambientalista e líder ativista da causa dos povos originários; e da líder Célia Xakriabá, a primeira deputada federal indígena eleita por Minas Gerais. Uma comitiva dos indígenas Xokleng, de Santa Catarina, também está confirmada.
O “Chamado do Cacique Raoni” promete reunir também a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e os presidentes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Joênia Wapichana e Rodrigo Agostinho, respectivamente. O presidente Lula e a primeira-dama Janja da Silva também foram convidados, mas ainda não confirmaram presença, segundo a organização.
Programação
Esse é o segundo encontro realizado na história do povo indígena em Mato Grosso. A primeira edição foi em janeiro de 2020, antes da pandemia. Dela, saiu uma carta de compromisso das lideranças, o “Manifesto do Piaraçu”. O evento deste ano deverá gerar um novo documento.
Os três primeiros dias serão abertos apenas para as lideranças indígenas convidadas. A agenda deve iniciar no dia 24 com apresentações do povo Mebengôkre, seguidas de uma roda de conversa sobre o conhecimento histórico e político do movimento indígena e estratégias de luta para as futuras gerações.
Dia 25:
- Discussão sobre impactos e empreendimentos: os desafios e avanços para defesa territorial e ambiental das terras indígenas;
- Medidas urgentes para combater as mudanças climáticas;
- Crenças e espiritualidade dos povos indígenas
Dia 26:
- Elaboração do plano de implementação das demandas indígenas e votação para escolha dos representantes indígenas que formarão o “Comitê Indígena”;
- Apresentação das futuras lideranças por Raoni e outras lideranças mais velhas;
- Encerramento do Encontro com as lideranças indígenas e leitura do documento para os participantes a ser entregue aos representantes governamentais;
Para os dois últimos dias de evento, 27 e 28, o encontro será aberto para lideranças não indígenas e imprensa convidada. Confira a programação abaixo:
Dia 27:
- Apresentação dos objetivos do encontro, agradecimento à equipe técnica e dos convidados;
- Coletiva de imprensa com Raoni Metuktire, Megaron Txucarramãe, Almir Suruí, Davi Kopenawa Yanomami, Alessandra Munduruku e Ailton Krenak;
- Estratégias de luta para as futuras gerações;
- Força, luta e resistência: o protagonismo das mulheres indígenas;
- Jantar em Homenagem ao Cacique Raoni.
Dia 28:
- Tema: Território e Resistência
- Estratégias contra o Marco Temporal
- O papel das organizações da coordenação e seus doadores