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Lideranças cobram investigação sobre morte de cacique Merong em Brumadinho (MG)

Merong Kamakã pertencia ao povo Pataxó-hã-hã-hãe e à sexta geração da família Kamakã Mongoió - Foto: Guilherme Dardanhan

Líder da retomada indígena Kamakã Mongoió, o cacique Merong Kamakã foi encontrado morto na segunda-feira (4), em sua casa, no município de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Apesar de o boletim de ocorrência feito pela Polícia Militar apontar suicídio, lideranças indígenas e amigos levantam a hipótese de assassinato.

“Ele me disse que ‘se ele aparecesse morto, alguém o teria bombado na luta, pois ele me disse que jamais suicidaria, pois era guiado pelo grande espírito, por Tupã, para salvar a humanidade, o que passaria necessariamente por frear as mineradoras, o agronegócio e superar o capitalismo’”, afirmou o assessor da Comissão Pastoral da Terra (CPT) frei Gilvander Moreira, uma das pessoas próximas da liderança indígena. “O cacique Merong foi assassinado”, completou.

Mãe de Merong, a cacica Katorã, também pertencente ao povo Kamakã Mongoió, reafirmou que a luta pelo território indígena, travada pelo cacique, continuará. “Tiraram um guerreiro de nós, batalhador, lutador, que gostava de ajudar a humanidade. Tiraram um pedaço de mim”, lamentou ela. “Ele não era capaz de fazer barbaridade com ele mesmo”, continuou.

Alvo de ameaças

A deputada federal por Minas Gerais, Célia Xakriabá (PSOL), encaminhou ofício ao superintendente regional da Polícia Federal de Minas Gerais, Richard Murad Macedo, com pedido para que a corporação atue na investigação da morte do cacique Merong Kamakã e garanta a proteção do território Kamakã, em Brumadinho.

“Já nos foi informado também que o cacique era alvo constante de ameaças e estava sendo perseguido em razão da sua liderança pela defesa de territórios indígenas. Merong participou de diversas lutas, não apenas em Minas Gerais, mas também em outros estados brasileiros, estando na linha de frente em diversas retomadas, como em São Francisco de Paula (RS), na aldeia Xokleng e também em Maquiné (RS), em território do povo Guarani”, diz o documento encaminhado à PF.

Investigação

Segundo o delegado João Victor Leite, da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), quando tomou conhecimento do fato, o órgão encaminhou uma equipe da perícia oficial até o local para colher informações e elementos que vão subsidiar as investigações.

O corpo da vítima, de acordo com a autoridade, foi removido e encaminhado ao posto legal de Betim para realização de exame necroscópico, e posteriormente foi liberado para os familiares.

Ao Brasil de Fato MG, a Polícia Federal afirmou que, em auxílio às investigações, enviou uma equipe ao local da ocorrência dos fatos, na segunda-feira (4), para a realização de uma perícia técnica, e disse estar à disposição da Justiça.

Quem era Merong?

Merong Kamakã pertencia ao povo Pataxó-hã-hã-hãe e à sexta geração da família Kamakã Mongoió. Ele também era militante em defesa dos direitos dos povos indígenas.

O líder também militava em defesa dos territórios de outras comunidades. Já realizou trabalhos no território Caramuru, no sul da Bahia, prestou apoio aos Xokleng, Guarani e Kaingang no sul do Brasil, e também atuou como educador do programa Mais Educação Livre.

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