Um policial militar da reserva, identificado como “Botelho”, foi preso pela Polícia Federal na segunda-feira (18) suspeito de integrar milícia armada que promove invasões de terras em Tomé-Açú, no nordeste do Pará. A investigação é sigilosa.
A região onde ocorre as invasões é marcada pelo conflito envolvendo disputas de terras entre indígenas e empresas do ramo do óleo de palma, que ficou conhecido como “guerra do dendê”. Em uma das invasões armadas, três pessoas ficaram feridas em uma aldeia indígena.
Segundo as denúncias sob investigação, um grupo de indígenas busca expandir áreas de ocupação e contratou serviços de pistoleiros, incluindo “Botelho” e outros dois que usavam coletes da Polícia Federal. A situação gerou um conflito interétnico entre os indígenas Tembé.
“Botelho” e outros dois suspeitos de integrar o grupo de pistoleiros são suspeitos de fazer ameaças a indígenas, além de escoltar cargas roubadas de dendê e atuar nas invasões.
Sobre a prisão do policial reformado, o g1 tentava contato com a defesa dele e solicitou posicionamento da Polícia Militar do Pará, mas ainda aguardava resposta até a publicação da reportagem.
Prisão
Segundo a PF, a prisão de “Botelho” faz parte da segunda etapa da operação Guaicuru, ação que prendeu duas lideranças indígenas no dia 29 de janeiro: Paratê e Marques Tembé. A prisão do policial foi pedida logo após a primeira etapa da operação.
A PF informou que o agente reformado passou a ser procurado por conta da suspeita de invasão de terras produtivas de dendê e de atentar contra povos indígenas e quilombolas. A prisão foi na casa dele.
A operação teve apoio da Polícia Civil do Pará, que não deu detalhes.
Os crimes apurados são: tentativa de homicídio, associação criminosa, milícia privada, posse ilegal de arma de fogo, dentre outros, segundo a PF.
Operação Guaicuru
Os dois indígenas presos no dia 29 de janeiro são suspeitos de serem responsáveis por conflitos entre povos tradicionais na região de Tomé-Açú, segundo a PF. Eles seguem presos. Um terceiro indígena segue foragido.
“As investigações apontam que eles se valiam das condições de lideranças para cometer diversos crimes, inclusive contra a própria comunidade indígena”, informou a PF.
Segundo as investigações, eles estariam envolvidos em crimes como tentativa de homicídio, associação criminosa, milícia privada, posse ilegal de arma de fogo.
Um dos alvos foi preso no aeroporto de Belém, por volta das 11h, quando estava a caminho de São Paulo.
O indígena também é investigado por ameaça a servidores do Ibama, de acordo com os agentes.
A outra prisão ocorreu na durante fiscalização na rodovia BR-010, no município de Irituia, nordeste paraense, por volta das 16h e foi feita pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).