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‘Escola com a identidade deles’: projeto pioneiro oferece alfabetização trilíngue para venezuelanos indígenas no Piauí

Alfabetização trilíngue aos imigrantes venezuelanos indígenas no Piauí — Foto: Reprodução/TV Clube

Uma iniciativa pioneira vem oferecendo alfabetização trilíngue aos imigrantes venezuelanos indígenas da etnia Warao no Piauí. O projeto de Alfabetização EJA Intercultural Warao funciona na Unidade Escolar João Emílio Falcão, Zona Sul de Teresina.

Para os imigrantes venezuelanos indígenas da etnia Warao que vivem em abrigos na cidade de Teresina, a resposta para construir uma vida melhor está na ponta de lápis: educação. Motivados por uma crise socioeconômica e humanitária, centenas de venezuelanos chegaram ao Piauí em busca de melhores condições de vida e ajuda humanitária.

Cerca de 100 venezuelanos de 15 a 70 anos, que vivem em Teresina, serão beneficiadas com o projeto de alfabetização. A iniciativa da Secretaria de Educação (Seduc), em parceria o projeto Pacto pelas Crianças e a Secretaria de Assistência Social (Sasc), vai preservar a cultura e a língua dessas populações indígenas e a alfabetização dos Waraos será baseada no princípio da interculturalidade, priorizando os valores e as tradições dos povos indígenas.

O projeto trilíngue contempla os idiomas português, espanhol e Warao (língua nativa dos indígenas venezuelanos). A ação é inédita no Brasil e foi reconhecida pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).

Indígenas venezuelanos durante aula de alfabetização no Piauí — Foto: Reprodução/TV Clube

Nas salas de aulas, além dos professores brasileiros, os estudantes serão acompanhados por 12 educadores sociais Warao, contratados pela Seduc, que atuarão como tradutores e mediadores, como o Plácido Benítez.

“A princípio, a mudança de cultura foi um pouco difícil. Agora estamos aprendendo a cultura do brasileiro. A educação é aprender, e ensinar, e aprender para uma missão de futuro”, disse Plácido Benítez.

O projeto contempla não só os imigrantes Warao, que vêm normalmente da Venezuela, mas também os indígenas Guajajara, da região próxima a Teresina.

Projeto de Alfabetização EJA Intercultural Warao em Teresina — Foto: Reprodução/TV Clube

O secretário de Educação, Washintgon Bandeira, destacou que a iniciativa pioneira é um dever do estado, que envolve não só a educação e alfabetização, mas também o acolhimento em abrigos estaduais, assistência às crianças e aos filhos dos estudantes que vão estudar nessa escola.

“É um dever do estado tanto esse acolhimento como também a oferta de oportunidades de educação e inserção no mundo do trabalho. Ofertar dignidade a esses povos para que eles tenham no Brasil, no Piauí, todo esse acolhimento e essas oportunidades garantidas”, afirmou o secretário.

A secretária de Assistência Social, Regina Sousa, explicou que a ideia de criar o projeto nasceu quando ela era vice-governadora. “Quando se avolumou muito a vinda dos Waraos, a gente percebeu a quantidade de indígenas. E entre as principais demandas estava a educação, mas eles não queriam uma escola qualquer. Eles queriam uma escola com a identidade deles”, afirmou a secretária.

De acordo com a professora de português Janete Salazar, o ensino vai além da fala. “É qualidade de vida. Você estar em outro país, poder se comunicar e sobreviver com dignidade nesse país”, salientou.

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