“Não é de hoje que as mulheres têm feito a diferença na conservação da biodiversidade. Elas sempre tiveram esse papel fundamental”, afirma Angela Kaxuyana, representante da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) da Bacia Amazônica. Ela é uma das palestrantes da Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP da Biodiversidade), também chamada de COP16, que teve início nesta segunda-feira (21), em Cali, na Colômbia.
Angela conduzirá a palestra Mulheres e governança territorial na Amazônia: pela biodiversidade e pela proteção dos territórios indígenas tradicionais, realizada nesta terça-feira (22), ao lado de Valéria Paye, diretora executiva do Podaáli, o Fundo Indígena da Amazônia Brasileira. “A gente está num momento de agora perceber o quanto elas [as mulheres] têm um papel fundamental nos territórios, nas comunidades e nos espaços de fala”, ressalta, em um resumo sobre o tema que irá abordar.
Além do foco no trabalho das mulheres, o papel dos povos indígenas na preservação da biodiversidade terá destaque do evento, conforme explica o coordenador-geral da Coiab, Toya Manchineri. “São os povos indígenas que mais preservam a biodiversidade no planeta, por meio de nossos conhecimentos ancestrais e relação única com a natureza”, diz.
Para ele, a contribuição dos povos indígenas para o debate sobre a biodiversidade é fundamental para garantir uma COP com resultados qualitativos. “Vamos compartilhar nossos saberes e experiências enquanto guardiões da floresta, reforçando a importância da demarcação dos territórios indígenas como política estratégica essencial na preservação da biodiversidade e enfrentamento dos efeitos das mudanças climáticas”, afirma.
A COP16 é o principal fórum global de discussão e negociação de ações para a conservação da biodiversidade. Além da Coiab e da Podáali, a conferência tem a participação de representantes da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), do Fórum Internacional dos Povos Indígenas sobre Mudanças Climáticas (Caucus Indígena) América Latina e Caribe, além de outras lideranças indígenas da Bacia Amazônica.
A programação do evento é dividida entre Zona Azul, espaço oficial de negociação entre os países participantes; e Zona Verde, destinada à participação da sociedade civil, organizações não governamentais, setor privado e pessoas interessadas na proteção e conservação da diversidade biológica. A delegação indígena da Amazônia Brasileira participará dos dois espaços. A programação da COP16 vai até o dia 1º de novembro.
Durante o evento, organizações indígenas da Bacia Amazônica lançarão a coalizão internacional G9 da Amazônia Indígena, grupo que tem como objetivo ampliar a participação em eventos internacionais. A coalizão tem representação dos oito países da Bacia Amazônica (Brasil, Colômbia, Bolívia, Peru, Venezuela, Equador, Suriname) mais a Guiana.
Maloca Amazônica
Na manhã do primeiro dia de evento, a delegação da Amazônia brasileira participou na inauguração da Maloca Amazônica, espaço de reunião de lideranças indígenas da Bacia Amazônica e de debate pautas que envolvem os direitos dos povos indígenas com a perspectiva da biodiversidade.
“Foi um momento de ver a reafirmação do compromisso do estado colombiano em reconhecer o papel fundamental dos territórios indígenas na conservação da biodiversidade”, diz Angela Kaxuyana.
O espaço é organizado pela Organización Nacional de los Pueblos Indígenas de la Amazonía Colombiana (Opiac), visando reunir as lideranças indígenas da Bacia Amazônica e debater pautas que envolvem os direitos dos povos indígenas com a perspectiva da biodiversidade.
Na ocasião, o presidente da Opiac, Oswaldo Muca Castizo, afirmou: “Representamos 64 povos indígenas que vivem na Amazônia colombiana, são oito povos em isolamento voluntário. Nossa missão é proteger os territórios, nós estamos em contato a natureza e somos os que mais estão vivendo conforme o tema da COP16, ‘Paz com a natureza’. Nós somos fundamentais para salvar e ajudar a resgatar a natureza.”
Informações: Brasil de fato.