A Comunidade Indígena Taxí 2, localizada em Pacaraima, no interior de Roraima aderiu ao Programa Estadual de Etnoturismo da Secult (Secretaria de Cultura e Turismo). A decisão foi consolidada após uma visita técnica realizada em maio deste ano pelo Detur (Departamento de Turismo) para sensibilizar os moradores sobre os benefícios da iniciativa.
O etnoturismo, voltado à visitação em terras indígenas e conduzido pelas próprias comunidades, é uma das vertentes mais consolidadas do turismo de base comunitária. Em Roraima, a prática foi iniciada em 2019, na Comunidade Raposa I, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, e desde então vem sendo ampliada para outras regiões do estado.
Durante a visita, o diretor do Detur, Bruno Muniz, ressaltou a relevância da atividade. “O etnoturismo não apenas valoriza a cultura local, mas também gera oportunidades de renda e desenvolvimento sustentável para as comunidades”, afirmou.
Com paisagens marcadas por corredeiras, quedas d’água, campos naturais, savanas e afloramentos rochosos, a região de Taxí possui grande potencial turístico. A comunidade agora se prepara para elaborar seu plano de visitação, que irá mapear atrativos, organizar roteiros e identificar elementos que tornem a experiência dos visitantes ainda mais enriquecedora, como as trilhas ecológicas e a observação de aves.
Além de Pacaraima, a iniciativa também beneficia Uiramutã, município que possui a maior população indígena de Roraima. A localidade é composta majoritariamente pelas etnias Macuxi e Taurepang.
A cultura desses povos é preservada e transmitida pelos anciãos, registrada em inscrições rupestres e nas urnas que guardam os restos mortais dos antepassados, relíquias que mantêm vivos os segredos de Makunaima.
O Programa de Etnoturismo foi criado a partir da regulamentação da atividade, estabelecida pela Instrução Normativa nº 03/2015 da Fundação Nacional dos Povos Indígenas, que reconhece os indígenas como protagonistas na gestão de seus territórios.
A iniciativa do governo de Roraima ganhou destaque nacional e foi premiada com o segundo lugar no Prêmio Nacional do Turismo 2023, na categoria Gestão e Governança do Turismo, promovido pelo Ministério do Turismo.
A instrução Normativa estabelece normas e diretrizes relativas às atividades de visitação para fins turísticos em terras indígenas. Veja a norma nº 03/2015 AQUI:
O que é etnoturismo?
O etnoturismo é uma forma de turismo voltada para a valorização da diversidade cultural de povos e comunidades locais. Por meio dela, turistas têm a oportunidade de imergir em costumes, história, gastronomia, rituais e estilo de vida desses grupos, como indígenas e quilombolas.
De acordo com o doutor em Geografia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Deivison Molinari, essa prática está em expansão em diversas regiões do mundo, principalmente na Amazônia.
“Essa forma de turismo é muito presente na Amazônia e em vários lugares do mundo, pois permite um contato e uma imersão na cultura de povos originários indígenas e quilombolas”, declarou Molinari.
Além de fortalecer a identidade cultural dessas comunidades, o etnoturismo também é uma importante ferramenta para o desenvolvimento sustentável, contribuindo com a geração de renda e o incentivo à preservação local.
*Com informações da Prefeitura de Boa Vista