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Ceiça Pitaguary recebe Prêmio Ambientalista Joaquim Feitosa Edição 2024

- Foto: SEMA CE

A secretária nacional de Gestão Ambiental e Territorial Indígena (SEGAT) do Ministério dos Povos Indígenas, Ceiça Pitaguary, foi condecorada com o Prêmio Ambientalista Joaquim Feitosa Edição 2024. A secretária venceu a categoria Pessoa Física e o anúncio foi feito na quinta-feira (13). Já a entrega da medalha ocorreu na segunda-feira (17), durante o Seminário Ceará pelo Clima, realizado em Fortaleza. Em 19 edições, essa é a primeira vez que uma mulher e pessoa indígena vence a premiação.

Em abril de 2005, o Prêmio foi criado pelo Comitê da Reserva da Biosfera da Caatinga (CERBC), que pertence à Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (SEMA) do governo do estado do Ceará. O intuito é homenagear pessoas físicas e jurídicas, públicas ou privadas, que no desempenho de suas ações tenham contribuído de forma relevante para o desenvolvimento sustentável do Bioma Caatinga.

“É chegada a hora em que nós, mulheres indígenas, podemos ser reconhecidas como protagonistas nesse cuidado com a biodiversidade dentro e fora de nossos territórios e como guardiãs de saberes originários e ecológicos que sustentam a vida em nossa Mãe Terra. Enquanto mulher indígena do povo Pitaguary e mulher terra do bioma Caatinga da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade, a ANMIGA, me sinto honrada em receber esse prêmio em nome das mulheres e meninas indígenas de hoje e das que muito lutaram e não estão entre nós”, disse Ceiça ao receber a premiação.

Em seu discurso, a secretária apontou para a necessidade de frear o processo de mudanças climáticas, impulsionado pela ação do homem.

“Inevitavelmente, ao buscarmos esta raiz [do problema] chegamos no modelo de desenvolvimento econômico pautado na exploração a todo custo dos recursos naturais e um pensamento pautado pela lógica monocultural que, ao invés de cultivar e respeitar a diversidade da vida, propaga a dominação, a morte e a pobreza. Ao invés de um modelo de “des-envolvimento”, nós, povos indígenas, propomos agora a todos nós um modelo de envolvimento com a vida, pautado pelo cuidado, pelo respeito, pela prosperidade e fertilidade”, declarou.

Ceiça ainda destacou os povos indígenas compõem 5% da população mundial e que protegem 80% da biodiversidade da Terra. Ela enfatizou que há milhares de anos os indígenas vêm conservando a biodiversidade no planeta, por meio dos territórios que tradicionalmente ocupam e nos quais desenvolveram saberes ancestrais, que ensinam como cuidar da natureza, sem impactá-la.

“Nossas ciências, tradições e modos ancestrais de vida apontam as direções que precisamos seguir se quisermos encontrar uma saída para a emergência climática que estamos vivenciando. Nós, povos indígenas, precisamos ser ouvidos.”

Trajetória

Segundo a secretária da SEMA, Vilma Freire, “ela [Ceiça] é uma liderança do povo Pitaguary, em Maracanaú, Região Metropolitana de Fortaleza, e foi uma das articuladoras do Voz das Mulheres Indígenas, iniciativa implementada pela Organização das Nações Unidas (ONU). É uma alegria entregar a medalha Joaquim Feitosa para uma mulher representante dos povos indígenas”.

Além disso, Ceiça Pitaguary é uma referência nos trabalhos de fortalecimento e de implementação da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental Indígena, a PNGATI, tendo participado das consultas regionais e do Grupo de Trabalho interministerial para a criação do Decreto da Política.

No MPI, a secretaria criou e realizou a primeira edição do seminário “Gestão Socioambiental e Mulheres Indígenas do Bioma Caatinga: semeando saberes e práticas para o fortalecimento dos territórios”, realizado em maio De 2024. A iniciativa promoveu o lançamento de editais para os povos indígenas e um específico para as mulheres do bioma Caatinga: “Karoá: Fortalecimento das Mulheres Indígenas do Bioma Caatinga na Gestão Socioambiental de seus Territórios.

Ceiça Pitaguary representou o Brasil na 4ª Reunião do Comitê Subsidiário de Implementação da Convenção da Biodiversidade, na sede da ONU, em Nairobi, Quênia, no mês de maio. O encontro foi um momento importante de articulações e preparação sobre os temas que serão debatidos na COP-16, a ser realizado em Cali, na Colômbia, em outubro deste ano.

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