Após diversas discussões sobre qual cidade receberia a Universidade Indígena, o MEC (Ministério da Educação) definiu que a sede ficará em Brasília, capital do país. Para atender aos povos originários, a instituição terá polos nos estados com maior concentração indígena, o que garante que Mato Grosso do Sul receberá uma das unidades.
Em entrevista ao Campo Grande News na manhã desta quarta-feira (1º), o ministro da Educação, Camilo Santana, disse que foram realizadas 20 reuniões até a decisão final. Ele explicou que a primeira etapa será a criação do campus em Brasília, que vai ocupar o prédio da antiga Universidade dos Correios, atualmente desativada, em frente à UnB (Universidade de Brasília).
“A proposta é que, em outubro, o presidente Lula encaminhe um projeto de lei criando a universidade. A partir daí, faremos toda a contratação de professores e a reforma do prédio, para que já no ano que vem possamos iniciar o funcionamento dos cursos”, afirmou.
Na segunda fase, serão implantados os polos regionais. “Vamos definir onde ficarão os locais em cada região do Brasil, para funcionar como extensões da própria universidade”, explicou o ministro. A Universidade Indígena será multicampi.
Segundo Camilo Santana, a escolha da sede em Brasília buscou evitar disputas entre os Estados. “Se fosse no Pará, o pessoal do Mato Grosso do Sul questionaria; se fosse no Maranhão, outros Estados também cobrariam. Por isso, Brasília, como capital e centro do país, foi escolhida”, justificou.
Em julho deste ano, um seminário do MEC, realizado em Campo Grande, já discutia a possibilidade de instalar a universidade em Mato Grosso do Sul. O encontro reuniu mais de 200 pessoas, entre representantes de municípios e aldeias do interior do Estado.
Na ocasião, a professora indígena e coordenadora do FORREIMS (Fórum Estadual de Educação Escolar Indígena do Mato Grosso do Sul), Povos do Pantanal, Daniele Lorenço Gonçalves, destacou que a meta era selecionar locais estratégicos, com estrutura adequada para a implantação.
“Acreditamos nessa proposta, que é uma demanda do movimento dos professores indígenas e das nossas lideranças de vanguarda, sempre nas trincheiras de luta. Agora, as novas gerações terão a oportunidade de vivenciar esse sonho”, afirmou Daniele, da etnia Terena e moradora da aldeia Brejão, na Terra Indígena de Nioaque.
Inicialmente, serão ofertados cursos já existentes em universidades de Mato Grosso do Sul, como Pedagogia Intercultural e Licenciatura Intercultural. A proposta, no entanto, é ampliar a grade ao longo dos anos.