Anaí visita Comunidade Indígena do Povo Tupinambá no Município do Conde
No dia 14 de maio de 2023, sábado, a Anaí realizou uma primeira visita à comunidade do povo Tupinambá no município do Conde, Bahia, na companhia do militante indígena Antônio Lourenço, presidente da Acikasar (Associação da Comunidade Indígena Kariri-Sapuyá de Santa Rosa), de Jequié, que fizera o contato inicial com a comunidade.
A Anaí esteve representada pelos associados José Augusto “Guga” Sampaio e Railda Batista Fischer, que se reuniram pela manhã com cerca de trinta representantes dos Tupinambá, na casa do cacique Valmir e sua esposa Janaína, na Rua da Jaqueira, Vila do Conde.
A comunidade do povo Tupinambá da “Aldeia Boca da Mata” no Conde está organizada formalmente desde 26 de dezembro de 2022, data de sua at6a de fundação, e conta hoje já com mais de 50 famílias cadastradas, quase todas elas residentes na Vila do Conde ou com sua origem aí, localidade em que também viveram muitos dos seus antepassados.
Como bem assinalou o cacique Valmir, a história do povo Tupinambá no Conde, como em todo litoral Norte do estado da Bahia, é marcada pela ação colonial da família Garcia d’Ávila que, desde o século XVI, esbulhou as suas terras, esbulhos esses perpetrados também pela Igreja católica, herdeira de boa parte do território originalmente expropriado e apropriado, nos séculos seguintes, pela elite latifundiária da região.
Na reunião, que teve significativa presença feminina, tupinambás de diferentes idades expressaram sua alegria por estarem agora organizados e podendo cultivar sua cultura e lutar por seus direitos. Descreveram também um tanto da geografia e da história do seu território tradicional.
Ao final da reunião, a Anaí comprometeu-se a contribuir com a comunidade dos Tupinambá da Aldeia Boca da Mata em seus processos de organização, contatos com o movimento indígena e demandas junto aos poderes públicos.
Á tarde, o cacique Valmir acompanhou os visitantes em um percurso pelo território tradicional da comunidade, com destaque para visita ao Alto do Cruzeiro, onde está a Biribeira sagrada, árvore centenária à sombra da qual os antigos Tupinambá podiam vigiar todo o território, desde o Oceano Atlântico, visível a leste, até o vale do baixo curso do grande rio Itapicuru, que passa logo ao Sul.